UNICAMP 2019/2020 - Vestibular - Leituras obrigatórias

A Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) está divulgando a lista de obras em língua portuguesa, cuja leitura é obrigatória para candidatos ao Vestibular Unicamp 2020. A lista mantém o mesmo número de 12 obras da anterior. A cada ano, a Unicamp renova parcialmente as obras que compõem a lista, para permitir o planejamento do professor e, ao mesmo tempo, acompanhar a dinâmica própria do sistema de ensino, cujo público se renova todos os anos. A lista para o Vestibular 2020 apresenta três obras novas em relação à anterior.
As obras são de diferentes gêneros e extensões, de autores das literaturas brasileira e portuguesa. É importante destacar que essa lista não é a mesma para o Vestibular Unicamp 2019, que ocorre ainda este ano, e cujas obras já foram divulgadas anteriormente. Ambas as listas podem ser consultadas em www.comvest.unicamp.br
A nova lista de obras inclui romance, poesia, peça teatral, conto, diário, e letras de música, entre outros gêneros, a fim de levar o vestibulando a ampliar o seu campo de estudos, sem sobrecarregá-lo no volume de leituras. Abaixo está o programa para o Vestibular Unicamp 2020. As obras marcadas em negrito são as que foram inseridas na lista atual. As demais já constavam da lista anterior. As obras inseridas para o Vestibular 2020 possuem relevância estética, cultural e pedagógica para a formação dos estudantes do ensino médio.

A playlist do disco dos Racionais está disponível no Spotfy ou Youtube (acesse os links abaixo)
*É exigida a leitura dos quatro livros que compõem a edição de 1982 (A teus pésCenas de abrilCorrespondência completa e Luvas de pelica, lançada pela Editora Brasiliense), reeditada e relançada em 2016 pela editora Companhia das Letras.

Mais sobre Racionais no Jornal da Unicamp:
Mano em campo minado

UFRGS - Vestibular 2019 - Leituras obrigatórias

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Para o Concurso Vestibular de 2019, será exigida a leitura prévia e completa das seguintes obras:

1 - FLORBELA ESPANCA

Poemas: 1. Fanatismo; 2. Horas rubras; 3. Eu; 4. Vaidade; 5. Lágrimas ocultas; 6. A minha dor; 7. Suavidade; 8. Se tu viesses ver-me; 9. Ser poeta; 10. Fumo; 11. Frêmito do meu corpo; 12. Realidade; 13. Súplica; 14. Doce certeza; 15. Quem sabe?!...; 16. A Mulher I; 17. A Mulher II; 18. Amiga; 19. Ódio; 20. Amar!; 21. O maior bem; 22. Neurastenia.

2 - MACHADO DE ASSIS

Papeis avulsos

3 - MARIA FIRMINA DOS REIS

Úrsula

4 - WILLIAM SHAKESPEARE

Hamlet

5 - VALTER HUGO MÃE

A máquina de fazer espanhóis

6 - CAROLINA MARIA DE JESUS

Quarto de despejo: diário de uma favelada

7 - ELIS & TOM

Álbum/Disco de 1974

8 - MICHEL LAUB

Diário da queda

9 - ERICO VERÍSSIMO

O Continente

10 - CHICO BUARQUE E PAULO PONTES

Gota d’Água

11 - CAIO FERNANDO ABREU

Morangos Mofados

12 - CLARICE LISPECTOR

A Hora da Estrela

UNICAMP - Sonetos de Camões para 2019


Leituras de sonetos de Camões exigidas no vestibular UNICAMP 2019:

A fermosura desta fresca serra

CAMÕES - Soneto - Vencido está de amor Meu pensamento

Vencido está de amor  Meu pensamento
O mais que pode ser   Vencida a vida,
Sujeita a vos servir e   Instituída,
Oferecendo tudo          A vosso intento.

Contente deste bem,    Louva o momento
Outra vez renovar        Tão bem perdida;
A causa que me guia    A tal ferida,
Ou hora em que se viu Seu perdimento.

Mil vezes desejando       Está segura
Com essa pretensão      Nesta empresa,
Tão estranha, tão doce, Honrosa e alta

Voltando só por vós       Outra ventura,
Jurando não seguir        Rara firmeza,
Sem ser no vosso amor Achado em falta.

CAMÕES - Soneto - Sete anos de pastor Jacob servia

Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prémio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando se com vê la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assi negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;

começa de servir outros sete anos,
dizendo: —Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida.

CAMÕES - Soneto - Quando de minhas mágoas a comprida

Quando de minhas mágoas a comprida
maginação os olhos me adormece,
em sonhos aquela alma me aparece
que para mim foi sonho nesta vida.

Lá nüa soïdade, onde estendida
a vista pelo campo desfalece,
corro par'ela; e ela então parece
que mais de mim se alonga, compelida.

Brado: Não me fujais, sombra benina!
Ela (os olhos em mim cum brando pejo,
como quem diz que já não pode ser),

torna a fugir-me; e eu, gritando: Dina...
antes que diga mene, alardo, e vejo
que nem um breve engano posso ter.

CAMÕES - Soneto - Pede o desejo, Dama, que vos veja,

Pede o desejo, Dama, que vos veja,
não entende o que pede; está enganado.
É este amor tão fino e tão delgado,
que quem o tem não sabe o que deseja.

Não há cousa a qual natural seja
que não queira perpétuo seu estado;
não quer logo o desejo o desejado,
porque não falte nunca onde sobeja.

Mas este puro afeito em mim se dana;
que, como a grave pedra tem por arte
o centro desejar da natureza,

assi o pensamento (pola parte que
vai tomar de mim, terreste [e] humana)
foi, Senhora, pedir esta baixeza.

CAMÕES - Soneto - O tempo acaba o ano, o mês e a hora,

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
a força, a arte, a manha, a fortaleza;
o tempo acaba a fama e a riqueza,
o tempo o mesmo tempo de si chora.

tempo busca e acaba o onde mora
qualquer ingratidão, qualquer dureza;
mas neo pode acabar minha tristeza,
enquanto não quiserdes vós, Senhora.

O tempo o claro dia torna escuro,
e o mais ledo prazer em choro triste;
o tempo a tempestade em grã bonança.

Mas de abrandar o tempo estou seguro
o peito de diamante, onde consiste
a pena e o prazer desta esperança.

CAMÕES - Soneto - O dia em que eu nasci, morra e pereça,

O dia em que eu nasci, morra e pereça,
não o queira jamais o tempo dar,
não torne mais ao mundo, e, se tornar,
eclipse nesse passo o sol padeça.

luz lhe falte, o sol se [lhe] escureça,
mostre o mundo sinais de se acabar,
nasçam-lhe monstros, sangue chova
o ar, a mãe ao próprio filho não conheça.

as pessoas pasmadas de ignorantes,
as lágrimas no rosto, a cor perdida,
cuidem que o mundo já se destruiu.

Ó gente temerosa, não te espantes,
que este dia deitou ao mundo a vida
mais desgraçada que jamais se viu!

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Análise do poema:

Conforme o estudo de Welton Pereira e Silva publicado no Portal de Revistas da USP:

"Mesmo não fazendo citações diretas às Sagradas Escrituras, o poema O dia em que eu nasci, morra e pereça faz uma intertextualidade com o Apocalipse de São João, ou ao menos com as idéias ali expressas, já que o soneto traz intrínseca uma mensagem apocalíptica, do fim dos tempos. No soneto, repleto de imagens amedrontadoras, o autor compara o dia de seu nascimento ao dia do Juízo Final:

Qual o sentido desta maldição? O que significa amaldiçoar o dia do nascimento? É o mesmo que maldizer-se a si próprio, e desejar (pela negação do dia em que apareceu) não ter nascido. Aliás, os dois últimos versos são claríssimos: “que este dia deitou ao mundo a vida / mais desgraçada que jamais se viu!” (MATOS, 1987, p. 35)

Embora em uma análise mais superficial, o poema pareça não fazer nenhuma referência direta a algum trecho bíblico, a autora acima citada nos diz que o primeiro verso foi extraído do livro de Jó, mais especificamente do capítulo três, versículo primeiro, onde se lê: “Então Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento, dizendo: Morra o dia em que nasci e a noite em que se disse: Um menino foi concebido” (Jo: 3, 1). Nesse ponto notamos claramente que o sujeito do poema considera sua vida tão amaldiçoada quanto a de Jó, personagem bíblico que perdeu tudo o que possuía por um teste feito por Deus e pelo Diabo para provar sua lealdade àquele. Aqui se reforça o título dado a Camões de Poeta Maldito, amaldiçoado."

(A RELIGIOSIDADE DO POETA MALDITO: ASPECTOS BÍBLICOS E DOUTRINÁRIOS NA LÍRICA CAMONIANA -  Welton Pereira e Silva)


CAMÕES - Soneto - O céu, a terra, o vento sossegado...

O céu, a terra, o vento sossegado...
As ondas, que se estendem pela areia...
Os peixes, que no mar o sono enfreia...
O nocturno silêncio repousado...

O pescador Aónio, que, deitado
onde co vento a água se meneia,
chorando, o nome amado em vão nomeia,
que não pode ser mais que nomeado:

Ondas (dezia), antes que Amor me mate,
torna-me a minha Ninfa, que tão cedo
me fizestes à morte estar sujeita.

Ninguém lhe fala; o mar de longe bate;
move-se brandamente o arvoredo;
leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita.

CAMÕES - Soneto - Na ribeira do Eufrates assentado,

Na ribeira do Eufrates assentado,
discorrendo me achei pela memória
aquele breve bem, aquela glória,
que em ti, doce Sião, tinha passado.

Da causa de meus males perguntado
me foi: Como não cantas a história
de teu passado bem, e da vitória
que sempre de teu mal hás alcançado?

3Não sabes, que a quem canta se lhe esquece
o mal, inda que grave e rigoroso?
Canta, pois, e não chores dessa sorte.

Respondo com suspiros: Quando crece
a muita saudade, o piadoso
remédio é não cantar senso a morte.

CAMÕES - Soneto - Está o lascivo e doce passarinho

Está o lascivo e doce passarinho
com o biquinho as penas ordenando;
o verso sem medida, alegre e brando,
espedindo no rústico raminho;

o cruel caçador (que do caminho
se vem calado e manso desviando)
na pronta vista a seta endireitando,
lhe dá no Estígio lago eterno ninho.

Dest' arte o coração, que livre andava,
(posto que já de longe destinado)
onde menos temia, foi ferido.

Porque o Frecheiro cego me esperava,
para que me tomasse descuidado,
em vossos claros olhos escondido.

CAMÕES - Soneto - Enquanto quis Fortuna que tivesse

Enquanto quis Fortuna que tivesse
esperança de algum contentamento,
o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse
minha escritura a algum juízo isento,
escureceu-me o engenho co tormento,
para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades! Quando lerdes
num breve livro casos tão diversos,

verdades puras são, e não defeitos...
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
tereis o entendimento de meus versos!

CAMÕES - Soneto - De vós me aparto, ó vida! Em tal mudança,

De vós me aparto, ó vida! Em tal mudança,
sinto vivo da morte o sentimento.
Não sei para que é ter contentamento,
se mais há de perder quem mais alcança.

Mas dou vos esta firme segurança
que, posto que me mate meu tormento,
pelas águas do eterno esquecimento
segura passará minha lembrança.

Antes sem vós meus olhos se entristeçam,
que com qualquer cous' outra se contentem;
antes os esqueçais, que vos esqueçam.

Antes nesta lembrança se atormentem,
que com esquecimento desmereçam
a glória que em sofrer tal pena sentem.

CAMÕES - Soneto - Como quando do mar tempestuoso

Como quando do mar tempestuoso
o marinheiro, lasso e trabalhado,
d'um naufrágio cruel já salvo a nado,
só ouvir falar nele o faz medroso;

e jura que em que veja bonançoso
o violento mar, e sossegado
não entre nele mais, mas vai, forçado
pelo muito interesse cobiçoso;

Assi, Senhora eu, que da tormenta,
de vossa vista fujo, por salvar me,
jurando de não mais em outra ver me;

minh'alma que de vós nunca se ausenta,
dá me por preço ver vos, faz tornar me
donde fugi tão perto de perder me.

CAMÕES - Sonetos - Cá nesta Babilónia, donde mana

Cá nesta Babilónia, donde mana
matéria a quanto mal o mundo cria;
cá onde o puro Amor não tem valia,
que a Mãe, que manda mais, tudo profana;

cá, onde o mal se afina, e o bem se dana,
e pode mais que a honra a tirania;
cá, onde a errada e cega Monarquia
cuida que um nome vão a desengana;

cá, neste labirinto, onde a nobreza
com esforço e saber pedindo vão
às portas da cobiça e da vileza;

cá neste escuro caos de confusão,
cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!

CAMÕES - Soneto - A formosura desta fresca serra,

A formosura desta fresca serra,
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;

O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra:

Em fim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade nos offrece,
M'está (se não te vejo) magoando.

Sem ti tudo me enoja, e me aborrece;
Sem ti perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias môr tristeza.

Inscrições para o ENEM-2018

As inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018 estão abertas. Completando 20 anos de sua criação, a maior prova do Brasil receberá inscrições até o dia 18 de maio.
A taxa do Enem 2018 permanece no mesmo valor do ano passado: R$ 82. O pagamento poderá ser feito até o dia 23 de maio em agências bancárias, casas lotéricas, aplicativos bancários, internet banking e agências dos Correios que tenham o serviço do Banco Postal.
O boleto da taxa do Enem 2018 é gerado ao fim da inscrição. A confirmação do pagamento pode levar alguns dias para ser feita, já que as agências bancárias precisam repassar os dados para o Ministério da Educação (MEC). 

Pedidos de isenção

Esta foi a primeira edição em que o Enem teve seus pedidos de isenção da taxa antes da realização das inscrições. Os participantes de escolas públicas e de baixa renda puderam solicitar a gratuidade da taxa entre os dias 2 e 15 de abril. 
resultado dos pedidos de isenção foi divulgado em 23 de abril. Dos 3.818.663 estudantes que solicitaram a gratuidade, mais de 500 mil tiveram seus pedidos negados. Eles puderam recorrer até 29 de abril e as respostas foram liberadas no último sábado, 5 de maio, e podem ser consultadas na Página do Participante
O balanço preliminar dos isentos, antes dos pedidos de recurso, mostrou uma queda de quase 30% na concessão da isenção da taxa do Enem. Em 2017, o Inep aprovou a gratuidade de 4.731.592 pessoas contra 3.318.149 deste ano.
Quem conseguiu a isenção da taxa do Enem 2018 também precisa realizar a inscrição até o dia 18 de maio. Para esses estudantes, alguns dados já estarão preenchidos no sistema, como as informações socioeconômicas.