E Agora, José? - Vídeos com análise do poema JOSÉ de Carlos Drummond de Andrade

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 Vídeo: Análise do poema "José" - parte 1 - características gerais: Vídeo:


Análise do poema "José" - parte 2 - análise das estrofes:


 Lindas mensagens e cartões em inglês e outros idiomas


UNESP abre inscrições para o vestibular de meio de ano-2018

A Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) recebe de hoje (9) até 27 de abril inscrições para o Vestibular Meio de Ano 2018. O valor da taxa é de R$ 170.
Entre os dias 2 e 8 de abril, a instituição recebeu pedidos de isenção e desconto de taxa de candidatos que atenderam os requisitos. A previsão é que a lista de contemplados saia no dia 26 de abril. Os beneficiados estarão automaticamente inscritos, enquanto os demais devem imprimir e pagar o boleto.
Conforme o cronograma, a partir de 7 de maio os candidatos terão acesso ao cartão com os locais de prova da 1ª fase, marcada para o dia 13 seguinte. Será necessário responder 90 questões objetivas de conhecimentos gerais. 
No dia 30 de maio serão divulgados o resultado da 1ª fase e os locais de prova da 2ª. Esta ocorrerá em 9 e 10 de junho. 
No primeiro dia, os concorrentes deverão responder questões de Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática. Já no segundo será a vez de produzir uma redação e fazer questões de Linguagens e Códigos.  
A lista de classificados no vestibular de meio de ano 2018 da Unesp deve sair em 6 de julho. Já a primeira chamada, em 11 de julho.

Camões - Soneto - Eu cantarei de amor tão docemente,

Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.

Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte.

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Todos os sonetos de Camões

Camões - Sonetos - Quem vê, Senhora, claro e manifesto

Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só em vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los,
Donde já não me fica mais de resto.

Assim que a vida e alma e esperança,
E tudo quanto tenho, tudo é vosso,
E o proveito disso eu só o levo.

Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.

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Todos os sonetos de Camões

Camões - Soneto - Um mover de olhos, brando e piedoso,

Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quê; um riso brando e honesto,
Quasi forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;

Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;

Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste fermosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.

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Todos os sonetos de Camões

Camões - Soneto - Se tanta pena tenho merecida

Se tanta pena tenho merecida
Em pago de sofrer tantas durezas,
Provai, Senhora, em mim vossas cruezas,
Que aqui tendes uma alma oferecida.

Nela experimentai, se sois servida,
Desprezos, desfavores e asperezas,
Que mores sofrimentos e firmezas
Sustentarei na guerra desta vida.

Mas contra vosso olhos quais serão?
Forçado é que tudo se lhe renda,
Mas porei por escudo o coração.

Porque, em tão dura e áspera contenda,
É bem que, pois não acho defensão,
Com me meter nas lanças me defenda.

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Todos os sonetos de Camões

Camões - Soneto - Posto me tem Fortuna em tal estado,

Posto me tem Fortuna em tal estado,
E tanto a seus pés me tem rendido!
Não tenho que perder já, de perdido;
Não tenho que mudar já, de mudado.

Todo o bem pera mim é acabado;
Daqui dou o viver já por vivido;
Que, aonde o mal é tão conhecido,
Também o viver mais será escusado,

Se me basta querer, a morte quero,
Que bem outra esperança não convém;
E curarei um mal com outro mal.

E, pois do bem tão pouco bem espero,
Já que o mal este só remédio tem,
Não me culpem em querer remédio tal.

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Todos os sonetos de Camões

Camões - Soneto - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

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Todos os sonetos de Camões

Camões - Soneto - Aquela triste e leda madrugada,

Aquela triste e leda madrugada,
Cheia toda de mágoa e de piedade,
Enquanto houver no mundo saudade
Quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada
Saía, dando ao mundo claridade,
Viu apartar-se d'uma outra vontade,
Que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio
Que d'uns e d'outros olhos derivadas
S'acrescentaram em grande e largo rio.

Ela viu as palavras magoadas
Que puderam tornar o fogo frio,
E dar descanso às almas condenadas.
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Todos os sonetos de Camões

Camões - Soneto - Amor é fogo que arde sem se ver;

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

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Todos os sonetos de Camões

Camões - Soneto - Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

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Todos os sonetos de Camões

Questões sobre o soneto ALMA MINHA GENTIL...:

1. (Unesp) No soneto, o eu lírico
(A) suplica a Deus que suas memórias afetivas lhe sejam subtraídas.
(B) expressa o desejo de que sua amada seja em breve restituída à vida.
(C) expressa o desejo de que sua própria vida também seja abreviada.
(D) suplica a Deus que sua amada também se liberte dos sofrimentos terrenos.
(E) lamenta que sua própria conduta tenha antecipado a morte da amada.


2. (Unesp)
Embora predomine no soneto uma visão espiritualizada da
mulher (em conformidade com o chamado platonismo), verifica-se
certa sugestão erótica no seguinte verso:
(A) “não te esqueças daquele amor ardente” (2a  estrofe)
(B) “da mágoa, sem remédio, de perder-te,” (3a estrofe)
(C) “memória desta vida se consente,” (2a estrofe)
(D) “que tão cedo de cá me leve a ver-te,” (4a estrofe)
(E) “e viva eu cá na terra sempre triste.” (1a estrofe)

3. (Unesp)
De modo indireto, o soneto camoniano acaba também por explorar o tema da
(A) falsidade humana.
(B) indiferença divina.
(C) desumanidade do mundo.
(D) efemeridade da vida.
(E) falibilidade da memória.

4. (Unesp)
“Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente,” (2a
 estrofe)
Os termos destacados constituem
(A) pronomes.
(B) conjunções.
(C) uma conjunção e um advérbio, respectivamente.
(D) um pronome e uma conjunção, respectivamente.
(E) uma conjunção e um pronome, respectivamente.


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Gabarito do soneto ALMA MINHA GENTIL...

1. C
2. A
3. D
4. E

Camões - Soneto - Busque Amor novas artes, novo engenho,

Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.


Questões sobre o soneto BUSQUE AMOR:

1. (PUC-RS) Neste poema é possível reconhecer que uma dialética amorosa trabalha a oposição entre:
a) o bem e o mal.
b) a proximidade e a distância.
c) o desejo e a idealização.
d) a razão e sentimento.
e) o mistério e a realidade.

2. (PUC-RS) Uma imagem de forte expressividade deixa implícita uma comparação com o arriscado jogo do amor. Assinalar a alternativa que contém essa imagem:
a) o engenho do amor.
b) o perigo da segurança.
c) naufrágio em bravo mar.
d) mar tempestuoso.
e) um não sei quê.

03. Segundo os versos do poema, o eu lírico
a) está à procura do Amor.
b) está amando e cheio de esperanças.
c) está seguro devido ao Amor.
d) está sem esperança.

4. Ao se dirigir ao Amor, na primeira estrofe, percebe-se por parte do eu lírico um tom de
a) súplica         
b) desafio          
c) ameaça        
) euforia

5. Por que o eu lírico não teme as novas artes do Amor?
a) Porque o eu lírico não possui mais esse sentimento.
b) Porque onde falta esperança não há desgosto.
c) Porque a esperança que ele tem o faz sentir mais seguro.
d) Porque ele não teme nada, nem os perigos de um mar bravo.

6. Apresenta uma contradição a justaposição dos termos da expressão
a) novo engenho   
b) bravo mar     
c) perigosas seguranças    
d) novas artes

7. “Busque Amor novas artes, novo engenho”, o termo em destaque tem o sentido de
a) artimanha         
b) trabalho                 
c) objetivo            
d) solução

8. De acordo com o eu lírico do texto, o Amor gera
a) segurança          
b) esperança            
c) sofrimento          
d) dúvidas

9. “Amor um mal, que me mata e não se vê;” o verso sugere que o Amor é
a) indefinido          
b) misterioso          
c) passageiro            
d) intransigente

10. A última estrofe revela que
a) o eu lírico realmente é imune às artes do Amor.
b) o eu lírico busca descobrir as razões do Amor.
c)  o Amor ainda consegue atingir o eu lírico.
d) o Amor abandona o destemido eu lírico.


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Gabarito:
1. c
2. c
3. d
4. b
5. b
6. c
7. a
8. c
9. b
10. c
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Todos os sonetos de Camões

Camões - Soneto - Ah! minha Dinamene! Assim deixaste

Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!

Como já pera sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?

Nem falar-te somente a dura Morte
Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!

Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto,
Que inda tenha por pouco viver triste?

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Sobre o poema:

Este é um poema lírico, ou seja, que manifesta o subjetivismo do poeta, seus sentimentos, anseios, angústias.
O poema é sobre uma figura feminina que fez parte da vida do poeta, Dinamene - que foi namorada de Camões e, segundo algumas fontes, conheceram-se em Macau. Camões, no regresso para Portugal, trouxe-a consigo, mas houve um naufrágio, ao qual Dinamene não conseguiu sobreviver.
Neste poema é visível o estado de espírito de Camões, a sua tristeza e a saudade que sente pela amada.
"O tema da saudade da amada morta ganha contornos mais subjetivos, próximos do romantismo, ou do barroco, pelo tom exaltado, exclamativo, sentimental, e pela atmosfera soturna que envolve os sentimentos do poeta. Expressões como “dura Morte”, “negro manto”, “escura sorte”, “viver triste” não soa - riam estranhas, por exemplo, na poesia de Álvares de Azevedo ou de Junqueira Freire. Contudo, a adoção da forma fixa do soneto, o sistema quinhentista das rimas, a métrica decassilábica distanciam a composição do liberalismo formal dos românticos, inscrevendo-a na tradição clássica." ( Objetivo)

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Todos os sonetos de Camões

Camões - Sonetos

Luís Vaz de Camões escreveu cerca de 215 sonetos.

A

A chaga que, Senhora, me fizestes
A D. Leonis Pereira
A D. Luís de Ataíde, Viso-Rei
A D. Simão da Silveira
A fermosura desta fresca serra
À morte de D. António de Noronha
A Morte, que da vida o nó desata
À romana Populónia perguntava
À sepultura de D. Fernando de Castro
À sepultura del-Rei D. João III
A ti, Senhor, a quem as sacras Musas
A violeta mais bela que amanhece
Ah! imiga cruel, que apartamento
Ah, Fortuna cruel! Ah, duros Fados
Ah, minha Dinamene assi deixaste
Alegres campos, verdes arvoredos
Alma gentil, que à firme Eternidade
Alma minha gentil, que te partiste
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor, co a esperança já perdida
Amor, que o gesto humano na alma escreve
Apartava-se Nise de Montano
Apolo e as nove Musas, discantando
Aquela fera humana que enriquece
Aquela que, de pura castidade
Aquela triste e leda madrugada
Aqueles claros olhos que chorando

B
Bem sei, Amor, que é certo o que receio
Busque Amor novas artes, novo engenho,

C
Cá nesta Babilónia, donde mana
Cantando estava um dia bem seguro
Cara minha inimiga, em cuja mão
Chorai, Ninfas, os fados poderosos
Com grandes esperanças ja cantei
Com que voz chorarei meu triste fado
Com voz desordenada, sem sentido
Como fizeste, Pórcia, tal ferida?
Como podes, ó cego pecador
Como quando do mar tempestuoso
Contente vivi já, vendo-me isento
Conversação doméstica afeiçoa
Correm turvas as águas deste rio
Crecei, desejo meu, pois que a Ventura
Criou a Natureza damas belas

D
Dai-me ũa lei, Senhora, de querer-vos
De frescas belvederes rodeadas
De quantas graças tinha, a Natureza
De vós me aparto, ó vida! Em tal mudança
Debaixo desta pedra sepultada
Dece do Céu imenso, Deus benino
Deixando o doce fato e a cabana
Descalço e sem chapéu Apolo louro
Despois que quiz Amor que eu só passasse
Despois que viu Cibele o corpo humano
Diana prateada, esclarecia
Ditosas almas, que ambas juntamente
Ditoso seja aquele que somente
Diversos dões reparte o Céu benino
Dizei, Senhora, da Beleza ideia
Doce contentamento já passado
Doce sonho, suave e soberano
Doces águas e claras do Mondego
Doces lembranças da passada glória
Dos Céus à terra dece a mor beleza
Dos ilustres antigos que deixaram

E
El vaso reluciente y cristalino
Em fermosa Leteia se confia
Em flor vos arrancou, de então crescida
Em prisões baixas fui hum tempo atado
Em um batel que com doce meneio
En una selva al despuntar del dia
Enquanto Febo os montes acendia
Enquanto quis fortuna que tivesse
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Esforço grande, igual ao pensamento
Está o lascivo e doce passarinho
Está-se a Primavera trasladando
Este amor que vos tenho, limpo e puro
Eu cantarei de amor tão docemente
Eu cantei já, e agora vou chorando
Eu vivia de lágrimas isento

F
Ferido sem ter cura perecia
Fermosos olhos que na idade nossa
Fiou-se o coração, de muito isento
Foi já um tempo doce cousa amar
Fortuna em mi guardando seu direito

G
Grão tempo há já que soube da Ventura

I
Illustre e digno ramo dos Menezes
Indo o triste pastor todo embebido

J
Já a saudosa Aurora destoucava
Já claro vejo bem, já bem conheço
Já não sinto, Senhora, os desenganos
Já tempo foi que meus olhos folgavam
Julga-me a gente toda por perdido

L
Leda serenidade deleitosa
Lembranças saudosas, se cuidais
Lembranças, que lembrais meu bem passado
Lindo e sutil trançado, que ficaste

M
Males, que contra mi vos conjurastes
Memória de meu bem, cortado em flores
Memórias ofendidas que um só dia
Moradoras gentis e delicadas
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

N
Na desesperação já repousava
Na metade do Céu subido ardia
Na ribeira do Eufrates assentado
Náiades, vós, que os rios habitais
Não passes, caminhante! Quem me chama?
Não vás ao monte, Nise, com teu gado
Nem o tremendo estrépito da guerra
No mundo quis um tempo que se achasse
No mundo, poucos anos e cansados
No tempo que de amor viver sohia
Nos braços de um Silvano adormecendo
Num bosque que das Ninfas se habitava
N'hum jardim adornado de verdura
Num tão alto lugar, de tanto preço

O
O céu, a terra, o vento sossegado
O cisne, quando sente ser chegada
O culto divinal se celebrava
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O filho de Latona esclarecido
O fogo que na branda cera ardia
Ó gloriosa cruz, ó vitorioso
O raio cristalino se estendia
O tempo acaba o ano, o mês e a hora
Oh! quão caro me custa o entender-te
Oh, como se me alonga, de ano em ano
Olhos fermosos, em quem quis Natura
Ondados fios de ouro reluzente
Onde mereci eu tal pensamento
Orfeu enamorado que tañía
Ornou mui raro esforço ao grande Atlante
Os reinos e os impérios poderosos
Os vestidos Elisa revolvia

P
Para se namorar do que criou
Passo por meus trabalhos tão isento
Pede o desejo, Dama, que vos veja
Pelos extremos raros que mostrou
Pensamentos, que agora novamente
Pois meus olhos não cansam de chorar
Por cima destas águas, forte e firme
Por sua Ninfa, Céfalo deixava
Porque a tamanhas penas se oferece
Porque quereis, Senhora, que ofereça
Posto me tem fortuna em tal estado
Presença bela, angélica figura
Pues lágrimas tratáis, mis ojos tristes

Q
Qual tem a borboleta por costume
Quando a suprema dor muito me aperta
Quando cuido no tempo que, contente
Quando da bela vista e doce riso
Quando de minhas mágoas a comprida
Quando o Sol encoberto vai mostrando
Quando se vir com água o fogo arder
Quando vejo que meu destino ordena
Quando, Senhora, quis Amor que amasse
Quanta incerta esperança, quanto engano!
Quantas vezes do fuso se esquecia
Que gritos são os que ouço? – De tristeza
Que levas, cruel Morte? Um claro dia
Que me quereis, perpétuas saudades?
Que modo tão sutil da Natureza
Que pode já fazer minha ventura
Que poderei do mundo já querer
Quem diz que Amor é falso ou enganoso
Quem fosse acompanhando juntamente
Quem pode livre ser, gentil Senhora
Quem presumir, Senhora, de louvar-vos
Quem pudera julgar de vós, Senhora
Quem quiser ver d' Amor ũa excelência
Quem vê, Senhora, claro e manifesto
Quem vos levou de mi, saudoso estado

R
Razão é já que minha confiança
Resposta do Autor a um soneto, pelos mesmos consoantes

S
Se a Fortuna inquieta e mal olhada
Se a ninguém tratais com desamor
Se algũa hora em vós a piedade
Se as penas com que Amor tão mal me trata
Se com desprezos, Ninfa, te parece
Se cuidasse que nesse peito isento
Se de vosso fermoso e lindo gesto
Se em mi, ó Alma, vive mais lembrança
Se lágrimas choradas de verdade
Se os capitães antigos colocados
Se pena por amar-vos se merece
Se tanta pena tenho merecida
Se tomar minha pena em penitência
Se, despois de esperança tão perdida
Seguia aquele fogo, que o guiava
Sempre a Razão vencida foi de Amor
Sempre, cruel Senhora, receei
Senhor João Lopes, o meu baixo estado
Senhora já dest' alma, perdoai
Senhora minha, se a Fortuna imiga
Sentindo-se tomada a bela esposa
Sete anos de pastor Jacob servia
Suspiros inflamados, que cantais
Sustenta meu viver ũa esperança

T
Tal mostra dá de si vossa figura
Tanto de meu estado me acho incerto
Todas as almas tristes se mostravam
Todo o animal da calma repousava
Tomava Daliana por vingança
Tomou-me vossa vista soberana
Tornai essa brancura à alva açucena
Transforma-se o amador na cousa amada

U
Ũa admirável erva se conhece
Um mover de olhos, brando e piadoso

V
Vai-me gastando Amor e um pensamento
Vencido está de Amor meu pensamento
Verdade, Amor, Razão, Merecimento
Vós outros, que buscais repouso certo
Vós que, de olhos suaves e serenos
Vossos olhos, Senhora, que competem