A
A chaga que, Senhora, me fizestes
A D. Leonis Pereira
A D. Luís de Ataíde, Viso-Rei
A D. Simão da Silveira
A fermosura desta fresca serra
À morte de D. António de Noronha
A Morte, que da vida o nó desata
À romana Populónia perguntava
À sepultura de D. Fernando de Castro
À sepultura del-Rei D. João III
A ti, Senhor, a quem as sacras Musas
A violeta mais bela que amanhece
Ah! imiga cruel, que apartamento
Ah, Fortuna cruel! Ah, duros Fados
Ah, minha Dinamene assi deixaste
Alegres campos, verdes arvoredos
Alma gentil, que à firme Eternidade
Alma minha gentil, que te partiste
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor, co a esperança já perdida
Amor, que o gesto humano na alma escreve
Apartava-se Nise de Montano
Apolo e as nove Musas, discantando
Aquela fera humana que enriquece
Aquela que, de pura castidade
Aquela triste e leda madrugada
Aqueles claros olhos que chorando
B
Bem sei, Amor, que é certo o que receio
Busque Amor novas artes, novo engenho,
C
Cá nesta Babilónia, donde mana
Cantando estava um dia bem seguro
Cara minha inimiga, em cuja mão
Chorai, Ninfas, os fados poderosos
Com grandes esperanças ja cantei
Com que voz chorarei meu triste fado
Com voz desordenada, sem sentido
Como fizeste, Pórcia, tal ferida?
Como podes, ó cego pecador
Como quando do mar tempestuoso
Contente vivi já, vendo-me isento
Conversação doméstica afeiçoa
Correm turvas as águas deste rio
Crecei, desejo meu, pois que a Ventura
Criou a Natureza damas belas
D
Dai-me ũa lei, Senhora, de querer-vos
De frescas belvederes rodeadas
De quantas graças tinha, a Natureza
De vós me aparto, ó vida! Em tal mudança
Debaixo desta pedra sepultada
Dece do Céu imenso, Deus benino
Deixando o doce fato e a cabana
Descalço e sem chapéu Apolo louro
Despois que quiz Amor que eu só passasse
Despois que viu Cibele o corpo humano
Diana prateada, esclarecia
Ditosas almas, que ambas juntamente
Ditoso seja aquele que somente
Diversos dões reparte o Céu benino
Dizei, Senhora, da Beleza ideia
Doce contentamento já passado
Doce sonho, suave e soberano
Doces águas e claras do Mondego
Doces lembranças da passada glória
Dos Céus à terra dece a mor beleza
Dos ilustres antigos que deixaram
E
El vaso reluciente y cristalino
Em fermosa Leteia se confia
Em flor vos arrancou, de então crescida
Em prisões baixas fui hum tempo atado
Em um batel que com doce meneio
En una selva al despuntar del dia
Enquanto Febo os montes acendia
Enquanto quis fortuna que tivesse
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Esforço grande, igual ao pensamento
Está o lascivo e doce passarinho
Está-se a Primavera trasladando
Este amor que vos tenho, limpo e puro
Eu cantarei de amor tão docemente
Eu cantei já, e agora vou chorando
Eu vivia de lágrimas isento
F
Ferido sem ter cura perecia
Fermosos olhos que na idade nossa
Fiou-se o coração, de muito isento
Foi já um tempo doce cousa amar
Fortuna em mi guardando seu direito
G
Grão tempo há já que soube da Ventura
I
Illustre e digno ramo dos Menezes
Indo o triste pastor todo embebido
J
Já a saudosa Aurora destoucava
Já claro vejo bem, já bem conheço
Já não sinto, Senhora, os desenganos
Já tempo foi que meus olhos folgavam
Julga-me a gente toda por perdido
L
Leda serenidade deleitosa
Lembranças saudosas, se cuidais
Lembranças, que lembrais meu bem passado
Lindo e sutil trançado, que ficaste
M
Males, que contra mi vos conjurastes
Memória de meu bem, cortado em flores
Memórias ofendidas que um só dia
Moradoras gentis e delicadas
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
N
Na desesperação já repousava
Na metade do Céu subido ardia
Na ribeira do Eufrates assentado
Náiades, vós, que os rios habitais
Não passes, caminhante! Quem me chama?
Não vás ao monte, Nise, com teu gado
Nem o tremendo estrépito da guerra
No mundo quis um tempo que se achasse
No mundo, poucos anos e cansados
No tempo que de amor viver sohia
Nos braços de um Silvano adormecendo
Num bosque que das Ninfas se habitava
N'hum jardim adornado de verdura
Num tão alto lugar, de tanto preço
O
O céu, a terra, o vento sossegado
O cisne, quando sente ser chegada
O culto divinal se celebrava
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O filho de Latona esclarecido
O fogo que na branda cera ardia
Ó gloriosa cruz, ó vitorioso
O raio cristalino se estendia
O tempo acaba o ano, o mês e a hora
Oh! quão caro me custa o entender-te
Oh, como se me alonga, de ano em ano
Olhos fermosos, em quem quis Natura
Ondados fios de ouro reluzente
Onde mereci eu tal pensamento
Orfeu enamorado que tañía
Ornou mui raro esforço ao grande Atlante
Os reinos e os impérios poderosos
Os vestidos Elisa revolvia
P
Para se namorar do que criou
Passo por meus trabalhos tão isento
Pede o desejo, Dama, que vos veja
Pelos extremos raros que mostrou
Pensamentos, que agora novamente
Pois meus olhos não cansam de chorar
Por cima destas águas, forte e firme
Por sua Ninfa, Céfalo deixava
Porque a tamanhas penas se oferece
Porque quereis, Senhora, que ofereça
Posto me tem fortuna em tal estado
Presença bela, angélica figura
Pues lágrimas tratáis, mis ojos tristes
Q
Qual tem a borboleta por costume
Quando a suprema dor muito me aperta
Quando cuido no tempo que, contente
Quando da bela vista e doce riso
Quando de minhas mágoas a comprida
Quando o Sol encoberto vai mostrando
Quando se vir com água o fogo arder
Quando vejo que meu destino ordena
Quando, Senhora, quis Amor que amasse
Quanta incerta esperança, quanto engano!
Quantas vezes do fuso se esquecia
Que gritos são os que ouço? – De tristeza
Que levas, cruel Morte? Um claro dia
Que me quereis, perpétuas saudades?
Que modo tão sutil da Natureza
Que pode já fazer minha ventura
Que poderei do mundo já querer
Quem diz que Amor é falso ou enganoso
Quem fosse acompanhando juntamente
Quem pode livre ser, gentil Senhora
Quem presumir, Senhora, de louvar-vos
Quem pudera julgar de vós, Senhora
Quem quiser ver d' Amor ũa excelência
Quem vê, Senhora, claro e manifesto
Quem vos levou de mi, saudoso estado
R
Razão é já que minha confiança
Resposta do Autor a um soneto, pelos mesmos consoantes
S
Se a Fortuna inquieta e mal olhada
Se a ninguém tratais com desamor
Se algũa hora em vós a piedade
Se as penas com que Amor tão mal me trata
Se com desprezos, Ninfa, te parece
Se cuidasse que nesse peito isento
Se de vosso fermoso e lindo gesto
Se em mi, ó Alma, vive mais lembrança
Se lágrimas choradas de verdade
Se os capitães antigos colocados
Se pena por amar-vos se merece
Se tanta pena tenho merecida
Se tomar minha pena em penitência
Se, despois de esperança tão perdida
Seguia aquele fogo, que o guiava
Sempre a Razão vencida foi de Amor
Sempre, cruel Senhora, receei
Senhor João Lopes, o meu baixo estado
Senhora já dest' alma, perdoai
Senhora minha, se a Fortuna imiga
Sentindo-se tomada a bela esposa
Sete anos de pastor Jacob servia
Suspiros inflamados, que cantais
Sustenta meu viver ũa esperança
T
Tal mostra dá de si vossa figura
Tanto de meu estado me acho incerto
Todas as almas tristes se mostravam
Todo o animal da calma repousava
Tomava Daliana por vingança
Tomou-me vossa vista soberana
Tornai essa brancura à alva açucena
Transforma-se o amador na cousa amada
U
Ũa admirável erva se conhece
Um mover de olhos, brando e piadoso
V
Vai-me gastando Amor e um pensamento
Vencido está de Amor meu pensamento
Verdade, Amor, Razão, Merecimento
Vós outros, que buscais repouso certo
Vós que, de olhos suaves e serenos
Vossos olhos, Senhora, que competem
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